domingo, 30 de novembro de 2014

Advento

O Advento começou, e hoje reunimo-nos para fazer o nosso presépio. É uma tradição que talvez já poucas famílias adotam, e nós começamos inicialmente por pôr só a Sagrada Família e aos poucos com o crescimento da família foi também crescendo o nosso Presépio. No ano passado com todo esforço do pai conseguimos fazer um presépio pequeno, mas bonito. Este ano decidimos em família que era bom dedicar o nosso tempo a esta acção, e notamos as crianças muito empenhadas em fazer o "peséfio" como elas diziam alegres enquanto apanhávamos o "musvo".




Enquanto preparava o jantar, e o Cristóvão montava o nosso presépio, ouvia a empolgação em querer ajudar o pai, não é que ajudassem muito, porque só estavam a estragar o musgo, mas a alegria que transbordavam no olhar era impressionante. Ao ver a cabana ganhar forma, o pasto e o caminho para o local onde nasceu Jesus, sentia-me feliz por estarmos a criar algo com tanta afeição, combinamos logo fazer também bonecos em plasticina, da nossa família a caminhar para ver Jesus. Ao ver todo este aparato, com tanta felicidade recordei-me do Livro Génesis da Bíblia em que Deus cria o mundo.


Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que dêem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies, e contendo semente.» E assim aconteceu. 12A terra produziu verdura, erva com semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto, segundo as suas espécies, com a respectiva semente. Deus viu que isto era bom. Gen 1-11

Ao criarmos aquele Presépio, senti como é lindo e bom criar algo do qual nos orgulhamos e queremos que fique lindo, não queremos que ninguém estrague, que fique sempre perfeito. Penso que será assim com Deus também, Ele queria que ficássemos perfeitos como nos criou, mas não acontece. Tal como com o nosso presépio, as meninas já calcaram várias vezes o musgo.. e com certeza que vão brincar com os legos lá em cima... mas o importante é o arrependimento... ajoelharmo-nos perante o Pai.. pedir perdão.. Qual o Pai que não perdoa o seu filho?

(sim, são quatro reis, um deles insistiu que também queria 
muito visitar Jesus e nós resolvemos deixar!)


Com já a nossa obra feita, deliciamo-nos a ouvi-las comentar:

Madalena- Sabes Noe, estes são os Reis que vão visitar Jesus
Leonor- Jesus está lá dentro?
Madalena- Sim, com a Maria e o José
Leonor- Com a mamã e o papá!
Madalena- (contou as pedras e disse) São 29 pedras que o caminho tem e muito jardim, e uma estrela.                     Oh mãe hoje vamos rezar aqui ok?
Eu- E o canto de oração?
Madalena . Temos Jesus  aqui, rezamos aqui. 

Jesus é o centro da nossa vida.. que bom!

E lá ficaram elas especadas a olhar para o presépio a imaginar a história do seu nascimento.
E querem saber da novidade?  Este ano vamos ter o menino Jesus da paróquia cá em casa, saiu hoje da Igreja e vai percorrer todas as casas (inscritas) ficará uma noite em cada casa.
Quando ele chegar a nossa casa, imagino que vai ser alegria imensa, estou pensar fazer uma pequena festa como Ele merece. O nascimento de uma criança é sempre motivo de grande festa e alegria.


Lembrei-me desta música:

Reunidos aqui
Só pra louvar ao Senhor,
Novamente aqui,
Em união.

Algo bom vai acontecer,
Algo bom Deus tem pra nós,
Reunidos aqui
Só pra louvar o Senhor.

sábado, 29 de novembro de 2014

Mudar de vida: parte II

Depois de fazer a Primeira comunhão e o Crisma, continuei a minha busca, mas ainda um pouco perdida (ainda hoje é assim por vezes). Conheci o Cristóvão e um grupo de amigos, que praticamente me arrastaram para um encontro de Jovens da Comunidade Luz e Vida, uma comunidade ligada ao Renovamento Carismático dirigida pelo Pe Filipe Lopes e o Pe Marcelo de Moraes, que na altura ainda estudava para vir a ser padre e animava os estes encontros.


E foi num destes Encontros de Jovens que eu estive com Deus, que eu senti a sua presença no meu coração e percebi finalmente que era Ele quem eu faltava ver, que era Dele que eu sentia falta na minha vida. 

Lembro-me que cantávamos a música " Espírito de Deus, vem e fica aqui" eu pedia e sentia cada vez mais o meu coração aquecia por dentro, sentia uma sensação de amor imensa por mim que nunca tinha sentido antes. Chorei! Chorei bastante, até que senti um abraço de alguém que nem conhecia direito. Essa pessoa sussurrou-me ao ouvido "O Senhor pôs no meu coração que estará sempre contigo" então quando ouvi estas palavras senti que era mesmo para mim continuei a chorar de olhos fechados, não conseguia parar. Quando abri os meus olhos, diante deles estava o meu Deus, literalmente pregado na cruz,  diante dos meus olhos, só me dava vontade de ir tirá-lo dali, de cuidar dele,. Agora chorava também por ele pela sua dor, pelo seu sofrimento, por tudo o que sofreu por nós. Mais tarde na reflexão percebi que, o sofrimento pode levar-nos até Ele,  o sofrimento levou-me a querer conhecê-Lo. Senti o seu imenso amor por mim e desde esse dia, decidi mudar de vida e segui-Lo, rezo todos os dias para que guie as nossas vidas. 

Comecei a namorar com o Cristóvão e cinco anos depois casamos. No altar daquela Igreja Lembro-me que eramos quatro: meu esposo, eu, o Sr Padre e Deus. Desde então Ele tem nos acompanhado sempre. Quando não consigo de maneira nenhuma adormecer as minhas filhas, é o Senhor que as embala; quando estou cansada dos trabalhos domésticos e de tanta algazarra cá em casa, é o Senhor que me acalma e me ajuda a terminar as tarefas; quando penso que não aguento mais de tanta pressão e tanta coisa para fazer, é o Senhor que faz por mim. Muitas vezes dou por mim agradecer pela ajuda, agradecer pelo apoio. Pois se não fosse este Deus que não para de me auxiliar, nada faria sentido.

O SENHOR é meu pastor: nada me falta.
Em verdes prados me faz descansar
e conduz-me às águas refrescantes.
Reconforta a minha alma
e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome.
Ainda que atravesse vales tenebrosos,
de nenhum mal terei medo
porque Tu estás comigo.
A tua vara e o teu cajado dão-me confiança.
Salmos 23, 1-4

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Mudar de vida: Parte I

A vida por vezes leva-nos à mudança. O meu percurso na fé nem sempre foi ativo. Quando era criança, tentei várias vezes fazer catequese mas era, na altura, atividade difícil. Lembro-me de estar na cama e perguntar-me se Deus realmente existia porque é que permitia que vivesse neste mundo, porque é que me deixava viver naquele ambiente. A minha mãe casou muito nova, com o seu primeiro namorado, que logo após o casamento demonstrou ser uma outra pessoa que ela não conhecera. A minha mãe teve dois filhos, sozinha, e digo sozinha porque foi mesmo assim. Até aos meus 10 anos vivi momentos de angústia, medo e de terror. Lembro-me de ir para casa a rezar para o pai não estar em casa. Lembro-me também do barulho da bater da porta e dos pratos a partirem-se no chão, do gritos, da dor no peito de tanto medo.


A minha infância foi triste, então meti na minha cabeça que a infância do meu mano seria muito melhor, então no meio daqueles tumultos todos, eu tentava inventar histórias para que o meu mano não sofresse como eu. Para mim, Deus, naquela altura não existia, pois eu pedia e Ele não me ajudava, pedi tanto para que o prendessem e aquele pai, no dia seguinte já estava em casa com a mesma fúria do dia anterior pronto para gritar, partir coisas e bater- nos. A mãe olhava para nós sempre com aquele ar tranquilizante "Está tudo bem filha!". Certo dia ela contou-me um segredo, "Amanhã filha, vamos fugir, mas não digas nada a ninguém!" nesse dia acordei com uma alegria imensa, Deus tinha-me ouvido finalmente tudo ia acabar. 

Eu ia à catequese em criança, mas nunca consegui fazer primeira comunhão como as outras crianças, havia dias que tinha vergonha de ir, sentia-me triste e não acreditava em nada do que diziam na missa. Além disso, o trabalho da minha mãe (ferróviária) obrigava-nos a mudar de casa constantemente e não conseguia assim terminar com assiduidade a catequese infantil. A minha avó Madalena, ia-me ensinando orações, e eu aprendia  porque a deixava feliz. Mesmo eu não acreditando, Deus esteve sempre presente na minha vida. Ao longo dos anos, fui me apercebendo da sua presença tão real, um dia sonhei com Jesus (esse sonho contarei outro dia). Nunca esquecerei as suas palavras "Onde quer que vás, está descansada, estarei sempre contigo". Foi um sonho tão real que ainda hoje quando me lembro, me emociono. Naquele dia, acordei FELIZ  como nunca, e senti que Deus era Bom. 

A partir daí, tive muitas vezes vontade de regressar à Igreja, mas tinha vergonha, medo de ser rejeitada, afinal já tinha 17 anos, era uma adulta, pensava que seria ridicularizada por não ter sequer feito a primeira comunhão. Até que um dia, já tinha eu 20 anos, quando uma amiga me convidou para fazer o crisma e a primeira comunhão com outros adultos na paróquia de Reveles. Eu aceitei logo, com muita alegria e fui com o meu irmão. 

O momento em que comunguei pela primeira vez na minha vida, foi o momento em que me senti mais realizada. Lembro-me de sentir medo, entrega, amor, respeito e pena por não ter vivido aquele momento mais cedo. Muitas vezes nos esquecemos da importância que tem esta ação. A comunhão é o momento mais importante de toda a eucaristia. Esse momento, mudou a minha vida.

"Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de Mim". Do mesmo modo, depois da Ceia, tomou também o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de Mim". PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS 11,23-25

 
(imagem retirada da internet: fonte Canção Nova)



E Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu, mas é o meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do Céu, pois o pão de Deus é aquele que desce do Céu e dá a vida ao mundo.» Disseram-lhe então: «Senhor, dá-nos sempre desse pão!» Respondeu-lhes Jesus: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome e quem crê em mim jamais terá sede. Mas já vo-lo disse: vós vistes-me e não credes. Todos os que o Pai me dá virão a mim; e quem vier a mim Eu não o rejeitarei, porque desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas o ressuscite no último dia.Esta é, pois, a vontade do meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.» Jo 6, 32 - 40